quarta-feira, julho 11, 2007

A paralisia, que me é imposta quando o mundo gela, faz com que meus movimentos sejam pesados e pálidos. O inverno sempre se aproxima primeiro e todas as noites é necessário pousar as mãos sobre o lado esquerdo do peito para lembrar que ainda há vida.
Então o gelo liquidifica-se como um eclipse solar. Quando acontece é tanto contentamento que se pode dormir descoberta. Livre. É tão raro que penso em comprar lenhas eternas para acender uma fogueira, daquelas de festa junina. Seria tanta felicidade que entenderia Vinícius de Moraes e o poeta me aqueceria com leveza.
Muito difícil dormir depois que se sai da placenta. E a primavera e o outono apenas enganam o coração. Quase sempre se precisa das mãos, mas às vezes até elas congelam e, urgentemente, clama-se por fogo.

3 comentários:

Anônimo disse...

"Muito difícil dormir depois que se sai da placenta."

Lindíssima.

Priscila Lopes disse...

Você tem tiradas geniais - e me deixa lisonjeada com os comentários. Quem sabe, um dia, nos arriscamos como uma dupla em algum poema? Estamos no caminhos. Estamos? Voltando ao seu texto - impecável - peço licença para comentar: que não te acerte jamais a paralisia que consome o desejo de escrever. Você é ótima!

Priscila Lopes disse...

(digitei na pressa, cometi alguns deslizes... relevem, por favor!)