terça-feira, julho 03, 2007

[16 - parte 2] Vontade de ser Deus

Supondo que Deus exista, e como afirmam: somos filhos dele. Logo, além de herdarmos uma fração de poder infinito, herdamos a sua vontade de criar.

Modificar o que está em volta, erguer construções 100 vezes maiores e mais pesadas que nós, construir ferramentas que amplifiquem nossas capacidades físicas. Feitos grandiosos, não residiria aí um desejo de se tornar um deus?
Poder para criar e destruir, acima da vida e da morte. Controle total sobre vidas, simular realidades, desenhar outros universos. Até onde podemos ir?

Temos todo esse poder, uma espécie que engaja tempo e esforço para destruir os mesmos de sua raça, e que vê em números e papéis verdes a salvação. Podemos continuar infinitamente ou perecer sob nosso próprio ego.

Um comentário:

Diogo Lyra disse...

É interessante essa coisa de ser deus. Acho que o homem, da forma como ele mesmo se construiu socialmente, tende a se imaginar como algo de divino, uma reprodução em miniatura de Deus. Gostei muito desse texto e gostaria de retribuir com um do mesmo tema...
Parabéns, acompanharei o resto sem dúvidas.

"Eu nunca quis ser astronauta, mas sempre sonhei ser Deus. E sonho tão impetuosamente que chego a acreditar ser eu o sonho de outrem. Esse, que me sonha, produz, ao me sonhar, seu eu fantasioso. Da mesma forma, eu que sou bem menos do que sonho ser, sonho com esse eu melhor. E esse eu melhor também sonha com outro, que sonha com outro, e assim, por meio de sonhos sucessivos e infinitos de um mesmo “eu”, sonhado cada vez mais alto, eis que, em derradeira realidade, então, me torno Deus. E quando por mim alcanço o todo, e só por mim sinto que ele existe, eu sonho, na minha realidade, a fantasia de ser pequeno. E misturado aos outros pequenos, guardo junto ao peito o segredo desse sonho, que sonho em cinco sentidos, com pés fincados ao chão, só para evitar que a vida se passe de forma invisível, inaudível, intangível, inodora e insossa".

(Crônicas de sonho e realidade para alguém incomum como o comum - fragmento)