domingo, outubro 28, 2007

Samba pra uma mulher paulista

Se você quiser
Eu posso não gostar do Rio
E posso não querer o frio
Mas também posso, se você quiser

Se você quiser,
Posso achar um cachecol
Para usar quando faz sol
Também não posso, se não quiser

E você vai ver
Me desmereço por inteiro
E posso, cego, até achar
Uma flor pelo seu cheiro

Vai ver
Desapareço em meu enterro
Para esperar velar-me só
Com uma flor e um grande erro

Se quiser carinho
Posso fazer devagarzinho
Te agarrar pelos cabelos
No escurinho, nu em pêlo

Ou sob a luz do luar
Te fazer berrar meu nome
E sussurrar um “eu te amo”
Enquanto o sono te consome

Mas não me peça
Pra largar meu violão
Que eu morro de promessa
Pois não vivo sem canção

Por favor não peça
Pra largar o violão
Pois que a vida emudeça
Mas não vivo sem canção

quinta-feira, outubro 25, 2007

Às Minhas Tristes Terezas

Havia sido/seria
um pouco triste-
za-re-te.
Assombrava tamanho era o avesso do sonho
(não vivia a real-idade)
Quem olhasse mais de perto ou longe,
notaria: ô mulher bonita!

Em cada braço uma força
impulsionando o tempo

varria a poeira varria
e muito maior se tornava
a sujeira.

quarta-feira, outubro 24, 2007

a miséria do mundo ou

a minha?

qual será Maior?

i

a desgraça do mundo ou

a minha?


a beleza do mundo...

e a minha?


a vida caminha

vida canina!

vida vitalina

vida vítrea!

vida vigarista

a vida caminha

i

e eu...

durmo

cozinho

escrevo

fumo

durmo...

(repita essa estrofe algumas vezes, podendo passar do último “durmo” direto pro “cozinho”)

i

e o mundo expodindo!

a vida vivendo, correndo, rugindo e eu...

dormindo, comendo, escrevendo, fumando, dormindo

enquanto há sono

iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiicomida

iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiicabeça

iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiicigarro

iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiestômago

estômago? às vezes é preciso estômago para

iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiia dor me ser

i

a vida vivendo e eu dentro de mim,

repetindo (me)

i

a vida vivendo

a vida vidando

a vida vidrando

a vida vigando

e eu aqui

procurando poesia

i

mas poesia é vida e a vida esta lá fora
i

sexta-feira, outubro 19, 2007

[Re(é)] soluções

Sorvido
Expirado
Entorpecido
Entorpecente
Sente? Em torno?
Vida revolvida
Ré, volvida, ré, volvida, ré
Volver
Revolver, revolver
Revólver

Vida resolvida
Sorvida
Só vida
Sol! Vida!

quarta-feira, outubro 17, 2007

Você pensa ão?


Esta imagem foi retirada do blog Pensar Enlouquece (http://www.interney.net/blogs/inagaki/2007/08/10/estadao_contra_os_blogs/) , de um post que fala sobre uma campanha publicitária do Portal do Jornal Estado de São Paulo que visa, vejam só!, minar a credibilidade do univertso blogueiro. Como ,no geral, aqui é um espaço para literatura, mas isso realmente não podia passar em branco, deixo aqui mais dois links para posts sobre a palhaçada. Confira!

Tech Bits
Blog do Gjol

Nesse último, de quebra, confira ótimos artigos sobre a blogosfera.

Blogueiros do Brasil, fogo no pavio!

domingo, outubro 14, 2007

da dor

nasce o poema

i

que é amor

i

do amor nasce a dor

i

da dor

nasce o poema

i

que

adormece a dor

i

a dor mede a dor

i

adormecida

i

cumprida,

lânguida,

sinuosa

i

dorminhoca

i

a dor éiiGRA(N)DE, mesmo dor

ooooooiGRA(N)DEiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiimin

iiiiiiiiiiiiiGRA(N)DE iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiido

iiiiiiiiiiiii

i

a dor mexe!

i

Shiiiiiiii! Vai despertar a dor.

i

E eu...

i

Nunca mais

i

iiiivou

Aiiiiiiiime
iiiidor
iiiiiiiiiiiiiiiiiiiser.

i

a

iiinão ser...

i

Alguém aí conhece um bom

iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiimata dor?

quarta-feira, outubro 10, 2007

Imperdoável

Queria te odiar só por um segundo.

Odiar muito, ódio de verdade,

ódio de sangue,

ódio que vem da alma!

Aquele ódio que aquece por dentro do corpo,

que enche de lava as cavidades da face, que seca a boca e embaralha a mente e embaça os olhos e franze a testa e cria milhões de rugas novas por segundo e que dá vontade de esganar, enforcar, espancar, escarrar, chutar, xingar, assassinar...

Mas não consigo!

Queria te odiar só por um mísero segundo,

Só um segundo, unzinho...

Mas não consigo!

Perdôo-te por tudo,

menos por isso.

sexta-feira, outubro 05, 2007

(L)IMITAÇÃO

Ser é tempo presente
que passado nenhum quer (l)imitar
ser assim-assado
já era; estado
do que não é mais:
foi - e que bom!
ou não teria chegado
a ser o que era,
mas passou;
agora é passado,
tempo esgotado: foi, não é.
Conhece o ditado?
Acabei de inventar:
perdeu a frente o carro
que andava de ré.

terça-feira, outubro 02, 2007

Amor X Paixão em uma visão subjetiva

Você está apaixonado, mas não confunda com amor. O amor é confiança plena, acima de qualquer coisa...cheguei a amar, mas não por muito tempo. A paixão é meio com ciúmes, e receios. A paixão não enxerga. A paixão é mais cega que o amor.
Ninguém pode semear a dúvida em você na paixão, e no amor pode, mas você terá argumentos fortes para bater qualquer tentativa. E a paixão pode existir junto com o amor, por exemplo, num casal de namorados grudados. Um amor sem paixão é um casal que respeita a individualidade um do outro um pouco mais. Neste caso, a paixão também existe, nunca deixa de existir, mas não é tão voraz quanto um casal plenamente apaixonado e, portanto, a relação é muito mais sólida.
Você só terá segurança depois de uns bons seis meses. Normal...é paixão. Eu não acho errado dizer “eu te amo”, porque é uma forma de expressar carinho, muito válida. Mas deve-se tomar muito cuidado com a banalização do verbo amar. Depois que banalizar, ficar chamando de amor, falando que ama por qualquer motivo, ele perde as forças e acaba influenciando de maneira pejorativa o relacionamento.
Também toma cuidado para não fazer disso uma escravidão. Não deixe de fazer as coisas por causa dela... ter ciúmes é uma coisa saudável, mas é uma questão de segundos pra se tornar doentio. Uma fragilidade absurda. Uma vez que ela não for com a cara de alguma menina, meu querido, já era. Seja firme e sincero... se não há nada mesmo, não tem o que temer, não é mesmo?
Aliás, essa palavra é absolutamente necessária no vocabulário de um relacionamento:
"DESNECESSÁRIO". Atitudes, olhares, respostas, picuinhas e brincadeiras idiotas (realmente babacas) que muitas vezes podem ser deixadas de lado para evitar um desentendimento e uma fissura na solidez da relação. E, se acaso notar alguma coisa do tipo, não se avexe. Diga: "Para que isso? Isso foi muito desnecessário". A outra pessoa não terá o que falar, além de pedir igualmente sinceras desculpas. E você ainda ganha um beijo por isso.
Apaixone-se sempre. Mas ame sinceramente.

segunda-feira, outubro 01, 2007

Sobre a boemia - Noites

A Boemia não pertence somente ao poeta falido na mesa do canto, nem ao choro malandro do cavaco.

A boemia possui muitos palcos - entre os copos, na flor no cabelo da morena, nos paralamentos em volta de cada mesa, o samba nos pés. Boemia é também o que está em cena: a curiosidade de se estudar a noite, a sinuca de olhares, a indisciplinada rotina de aparecer sempre na mesma mesa, comungar máximas e mínimas.

Não é um cenário, uma situação que se desfaz no nascer do sol, é uma forma de visão noturna, de como enxergar a noite e a vida. Não é um mundo paralelo, é a mistura de muitos mundos, atraídos por brilhos noturnos e desvendados por corações humanos.