quinta-feira, abril 27, 2006

Meu desejo é sair dessa caixa de fósforo

Meu desejo é sair dessa caixa de fósforo
De onde enxergo outros prédios, outras luzes acesas, outros perdidos na madrugada
E abraçar alguém
Dizer “Oi” para o padeiro
Cumprimentar o vendedor

Sair desse mundo que não fede, nem brilha e muito menos se bate
Bater a cabeça no galho da árvore
Passar por cima da faixa de pedestre
Ver

Sem mais diálogos de dedos não vistos
Partos invisíveis de sentimentos
O egoísta rubor das bochechas
Que se mostram vermelhas apenas para o meu próprio calor

Quero dedilhar o vento que acabou de voar seus cabelos
Que driblou o contorno de seu corpo
Que arrepiou seu braço nu
Braço que enxergo a minha frente

De repente transferi a maior parte da minha realidade –
irreal –
Para o universo de símbolos virtuais
Provando a teoria do vazio do pós-moderno

Quero sentar no tronco ao seu lado e proferir palavras que você sorverá
E farão arregalar seus olhos
Subir suas sobrancelhas
Mover seus lábios
Salgar suas lágrimas
Diante de mim

Preciso sujar meus pés de areia
Engasgar com a água salgada
Entrelaçar meus dedos nos seus
Chutar e machucar o dedão
Brilhar para o sol

E o silêncio é nosso lar

E o silêncio é nosso lar
É a coberta que aquece nosso inverno, outono e madrugadas gélidas de outras estações
O silêncio é o livro que descansa na nossa cabeceira
A caneta que dorme na mão
Nosso mais delicioso diálogo
É o silêncio que nos cobre de beijos tenros
De finas gotas hidratantes

O nosso silêncio tem cor de neblina
Cheiro de cumplicidade, de nós, de agora
Um silêncio que não nosso tem farpas e labirintos,
Quando o de nós é a céu aberto, céu azul, grama fofa sem insetosÉ provar a eternidade até que a primeira lembrança de compromisso grite e estoure nossa bolha de cetim.

segunda-feira, abril 17, 2006

Suas palavras são para mim
orgasmos múltiplos.

segunda-feira, abril 03, 2006

Amar mais do que eu te amo
é desumano.
É mais do que raro:
é errado e é claro
que é impossível,
ininteligível,
incognoscível.

Não há metáfora, pois não há imagem,
está alem da imaginação.