quinta-feira, outubro 19, 2006

Carta-renúncia

Camaradas,

soberba - ou falta de falsa modéstia - à parte, estou farto de ser tratado como um reles instrumento barato ou qualquer coisa que o valha.

Esta é a pior face de uma vida profissional média. Por um lado, considerando nossas próprias experiências, estamos cientes de que somos seres acima da média, capazes de auto-gerir nossas próprias atividades, para ficar em apenas um exemplo. Por outro, no âmbito pessoal, ninguém nos conhece o bastante para nos subestimar quando é conveniente. Não somos meros produtores de pilhérias. Tampouco podemos aceitar comodamente a espúria tarefa de apenas levar adiante conteúdos vazios e inócuos.

Abaixo as tarefas medíocres e braçais, que não exigem mais do que saber contar até dez e escrever tal qual alguém que foi semi-alfabetizado!

Proponho a criação de uma comunidade auto-sustentável e de administração horizontal - uma zona autônoma. Local em que seria plenamente possível fazer desabrochar todo o nosso lirismo em meio a doses cavalares de vinho vagabundo e artesanal, fabricado a partir de uvas amassadas por nossos pálidos pés.

Basta de querer servir a este mundo vil. Ele deseja apenas mão-de-obra barata e mentes subornáveis, não a nossa incompreensão. As pessoas comezinhas que dele fazem parte não nos querem, e por isso devemos dar às costas a tudo e a todos. Deixemos que o universo deles gire ao redor de nossos mal lavados e disformes umbigos, mas não sujemos as mãos.

Hasta la victoria. Siempre!
José

terça-feira, outubro 10, 2006

Destino de um poema cifrado

No breu noturno eu sempre te enamoro
e nas estrelas vejo o teu reflexo.
Sem espelhos! – Grande é o teu complexo!
Nos meus sonhos, eu sempre te devoro...

Eu não sei desenhar o sentimento
como tu, que desenha até um afago.
Perco-me! Por fim eu sei que naufrago
nos teus olhos, profundos como o tempo.

Ah! Mas cruel é o destino, pequena,
nos cercando dentro de sua arena.
Brincando! Tal e qual uma criança!

Como o ferimento de uma vil lança,
que no coração injeta esperança
e ao destino incerto nos condena.

Republicação revisada.

terça-feira, outubro 03, 2006

O suicídio é a maior das tentações
no mundo da superinformação
que desinforma e deforma
de forma que as normas respondam
à uma lógica ilógica e
anti-ecológica.
Não há saídas e
embora os caminhos sejam vários.
parecem dar todos no mesmo
lugar e apesar de toda
perseverança e esperança
é sempre mais fácil encher a pança
com uma boa picanha e
uma cerva gelada,
afinal, a vida anda tão complicada
que pensar é penoso e
perceber é chorar.
Melhor me vendar.
Melhor me vedar.
Melhor me vender.
Melhor me dopar.

domingo, outubro 01, 2006

Chegando.

Eu pensei seriamente em começar minha estada neste blog dizendo que é uma honra estar em tão refinada companhia, que não merecia estar incluído em tal rol de pensadores, filósofos, poetas e escritores e depois deslizar uma série de palavras tolas neste meu teclado frouxo só para concentrar o maior número de palavras por cm quadrado em um mesmo texto.

Foi então que me apareceu na mente o significado da palavra "barato" e fiz as devidas considerações.