sábado, junho 30, 2007

Aonde estarão meus amigos viajantes?

Aonde estarão meus amigos viajantes?
Em que cidade caminham, os pés sujos,
hablando para treinar,
fumando para acalmar?
Será que eles ainda tem rumo?
Será que eles ainda tem fumo?

Quero juntar-me a vocês, camaradas!
Levarei erva verde na bagagem,
abraço quente,
meu futuro filho ainda
na embalagem.
Minha mulher ,minha criança
Meus olhos doentes, cheios de lágrimas.
Minhas contas pagas, minhas lástimas...


Aonde vocês estão, meus amigos?
Por qual caminho devo seguí-los?
Me digam e apressarei
meus passos tranqüilos,
respondam e correrei
rumo ao infinito.

Meus pés anseiam por chão de terra batida.
Quero levar meus filhos para conhecer a vida
- verdadeira vida -
cansei de acordar cansado,
dormir enjaulado.

Não quero ser tão mal-exemplo.

Em qual estrada carrearei meu carro?
Não pararei nem para um trago.

Não descansarei meus braços.

Meus olhos só fecharão
quando avistarem o abraço,
meus passos só cessarão
quando de novo houver traço
de amizade que então
nos unia em laço.

Quero sentir correr nas veias
o tal sangue latino!
Quero ferver nas artérias
meu sangue maldito!

Quero queimar minha pele pálida,
alimentar minha alma cálida.

Levarei meus dilemas, alguns poemas
que escrevi enquanto esperava
a hora certa.

- Mas a hora é sempre incerta,
é sempre tempo de partir -

Portanto, aceitem minha oferta:
quero recitar meus versos vagos
a ouvidos atentos.
Quero gritar - controverso e gago! -
sem constrangimento.
Quero sentir-me abençoado
pelo deslocamento,

já cansei de me locar,
vou descolar, vou decolar...

espero apenas
com sentimento.

Amigos, isso não é apenas poesia:
é desalento!
É pedido de socorro,
grito, esporro,
investimento.

Vou esperar enquanto agüento.

Se não responderem, saio assim mesmo.

Na falta de norte, seguirei o vento.

Hei de encontrar vocês
em qualquer cruzamento.

Um comentário:

Thais disse...

Venga, Caito, que eres siempre bien venido. Aun que lejos, aun que en silencio, la poesia es nuestra porque en nosotros vive.