segunda-feira, junho 18, 2007

...faça você mesmo: guitarra + microfone + amplificadores!

Sábado de manhã: noite bem dormida, clima bom para uma caminhada, dia para descarregar toda energia acumulada na semana, começava mais um dia de rock`n`roll.

Ligar para amigos:
- Vamos até a Paulista?
- Vamos. Queria passar na galeria também.
- Blz! vamos de lá!

Caminhar pelo caos, sentir liberdade em cada passo, divertir-se com um local chamado rua. Galeria do Rock, encontre cds originais pela metade do preço, conheça a produção musical nacional e cumprimente os músicos.
- Tá procurando qual cd?
- To procurando uma fita do Fud.
- Chá quente para noites frias?
- Esse! Ouvi o cd Auto-mático, e me falaram dessa demo.
- Acho que não existe mais.
- Vou ver se acho Sonho Médio do Dead Fish também.

Uma boa maneira de saber dos shows pela cidade é catando flyers ou dando uma olhada nos cartazes.
- Vai te Blind Pigs semana que vem.
- Faz tempo que a gente não vai.
- Vamos nesse?
- Vamo ae! tava querendo ir em algum show.
- Hoje tem algum?
- Que a gente conhece não.

Quando não há o que assistir, faça você mesmo.
- De tarde vamos tirar um som?
- Na casa do baterista? Blz!
- Chamar mais gente?
- Quem tiver afim de tocar.

Amplificadores, bateria, cabos, microfones, guitarras e baixo. Hora de acordar vizinhos dormindo sábado de tarde, mostrar que desligamos a tv por um tempo. Dar nossos gritos de liberdade, acertar a cabeça de alguém emburrecendo numa poltrona, abrir os olhos através dos ouvidos.
Começamos a tocar: gritos como explosões a cada power chord, pulos de quem veio acompanhar. Quem não sabia tocar instrumentos, e queria soltar a voz, o fez. Revezamento também nas guitarras e baixo. Imagine uma grande jam session com seus amigos! Apenas o mosh não era possível.
*Como ficou depois registrado por um dos presentes: “E foi assim, com guitarras distorcidas, bateria caótica, espontaneidade, um solitário mas presente baixo, álcool, vozes desafinadas, rabiscos, fragmentos poéticos e performances... Com todos os ingredientes básicos de uma diversão diferenciada, livre, descomprometida, subversiva e desafiadora.”

Não demorou para vizinhos opostos à música juvenil começarem a provocar, não rendeu nada além de risadas e mais empenho nas músicas. Escurece e temos de competir com gritos e ovações de uma igreja, logo os vizinhos ainda não conformados que pararam suas atividades sabatinais começam a jogar bombinhas e morteiros, alguns se assustam, mas a música não parou um segundo. Foram 3 horas sem exitação do primeiro acorde à última batida nos pratos.

Escapar da mediocridade. Temer menos a morte, menos ainda a vida. Libertar-se de nossas angustiantes rotinas. Sentir o sangue correr na hora de começar algo e ir até o fim. Ao invés de dançar conforme a música, escolher a música conforme seus atos e escolhas, ninguém precisa escolher seu ritmo.

Calmaria na noite, consequência, assim como a rouquidão, de uma tarde de música e suor. Fechava-se o dia, uma noite rock’n’roll ficaria para a próxima.

[(*) citação by zé henrique lopes]

2 comentários:

José Henrique Lopes disse...

Depois ainda me perguntam porque shows de rock (nossos e dos outros), 11 de setembro de 2001, almoços diários, crônicas, Ícaro, poesia e pacotes de traquinas têm tanta importância. Só sou o que sou por causa destas e de algumas outras coisas. Obrigado, camarada. Seguimos juntos.

Marcelo Iha disse...

Po, vcs fazem um som desses e nem me convidam! Hahah