quarta-feira, junho 27, 2007

É que

É que gosto de começar a escrever fragmentos com é que.

É que estou com a melancolia interna bruta em desespero, mas é um estado apático.

É que hoje estou apática, sem sangue, mas cheia de dor. E nem sei localizá-la dentro de mim.

É que meus órgãos estão brincando de passa anel com o meu coração, mas minhas mãos não querem formar uma concha claustrofóbica e seca como fazem os que agora derramam minha argola trêmula de um para o outro. De um para o outro escorregam as minhas batidas ocas sem fazer cócegas. Eu sei deste enfado porque meu corpo, às vezes, cambaleia bem lentamente e isto significa que o anel está sendo p a s s a d o a d i a n t e.

É que um anel é apenas um contorno concreto preenchido pelo nada. A dor deve estar neste vão intocável, meu coração.

É que deve sangrar sim e devo ser um borrão de sangue, pois as gotas devem escorregar lentamente pelas bordas até não mais se sustentarem, então devem pingar nos órgãos. Acho que o sangue desabrocha da argola.

É assim que tenho passado por mim em tempos de cólera branda. Dias melancólicos, horas internas, minutos brutos e segundos desesperadores. Tempo de apatia, vou passando adiante.

2 comentários:

Lalo Oliveira disse...

Permita-me o comentário. É que eu venho agradecer-lhe a visita! =D

Blog interessante, tentarei passar mais vezes...

Apareça sempre.

Abraço.

Anônimo disse...

Só porque falei pra você que era o que eu mais gosto, né? Lindo demais! E beeeem forte! Beijoooos