sexta-feira, março 21, 2008

Mais coração, menos engrenagem

Vá a uma biblioteca, escolha um livro, abra-o e deixe na página escolhida uma mensagem para qualquer destinatário. Num elevador cheio, às 10 da manhã, entre e diga "boa noite". No corredor do shopping, puxe sua(seu) namorada(o) pelo braço e beije-a(o) como se aquele fosse seu último gesto em vida. Mande cartas a seus amigos com textos cifrados, com códigos próprios. Machuque troncos de árvores com a ponta da chave. Surpreenda pessoas queridas com mimos inesperados. Use a tecnologia a seu favor: dispare torpedos SMS em tardes ensolaradas, em plena semana. Aproveite a calmaria do domingo e sente no meio da avenida mais movimentada de sua cidade; se possível, leve alguém junto. Lave a louça e suje o nariz de quem você ama com espuma. Compre cartões postais, escreva e envie como se realmente estivesse naquele país, naquela cidade. Peça sobremesas difíceis de fazer para sua mãe. Distribua panfletos incompreensíveis em semáforos, praças e vagões de trem. Entre fantasiado em uma igreja. Construa uma casa-da-árvore. Compre uma bolinha amarela e brinque com cachorros de rua. Pratique o Terrorismo Poético. Todos os seres, humanos ou não, precisam ser tirados dos trilhos. Ainda que seja por poucos - e únicos - segundos.

2 comentários:

Alessandro Palmeira disse...

Alguns gestos de tua lista eu já faço, mas, tentarei os outros. Abraços poéticos.

J. Lara disse...

São essas peqenas coisas sem sentido aparente que dão sentido verdadeiro à vida...
Gostei muito dos teus textos
;D