terça-feira, maio 27, 2008

Mulheres de hoje

Regiane é dessas mulheres de hoje. Dessas que gostam de dizer aos quatro ventos que sim, é possível viver assim, sozinha. Vai ao mercado, compra lasanha (de porção individual) e sente orgulho ao programar os 15 minutos e pensar “ninguém precisa de ninguém nessa vida, veja como eu me viro”. No trabalho é aquele trator, temida e admirada ao mesmo tempo, sobretudo por aqueles babacas engravatados, que entre um café e outro falam de sua postura imponente. Ah, como os homens são tolos e fracos. Toda sexta-feira, expediente acabado, pega sua bolsa roxa, celular de última, e vai encontrar as amigas – todas assim, que nem ela. Quatro, cinco, seis na mesma mesa, de sorriso no rosto, felicidade expressa nas palminhas que batem a cada piada. Todas bem-sucedidas, contando histórias que remetem, em sua maioria, aos caras que não sabem de nada, que mandam mal na cama, que causam asco com seu machismo, com sua escrotice, com seu papo morno sobre vinhos, sobre mercado de ações, sobre política, sobre futebol. Três drinques depois, e alguns flertes com o grisalho da mesa ao lado, torna a pegar a bolsa roxa, sai cambaleando, mas ainda batendo as palminhas, e aperta o controle de alarme do seu Crossfox prata. Em casa, deita. E rola na cama. Direita, esquerda, direita, esquerda. Puxa o lençol e, por fim, joga-o longe, para fora da cama. Pensa que talvez esteja lhe faltando alguma coisa.

3 comentários:

J.R. Lima disse...

E, no dia segunte, a mesma coisa, não é?
Estas devem ser algumas das pessoas que não gostam de final de semana.

ótimo texto!

Marcos disse...

A mesma coisa de manhã,
maquiando o rosto,
ajeitando o sutiã e vestindo um sorriso de batom...

.hi-fi. disse...

construções de realidades nada reais
...e ainda podemos voar tb!

-> preciso conhcer uma dessas hehehe