terça-feira, maio 13, 2008

De uma catraca a outra #12 - Eles não sabem andar de metrô! [parte 4]

Noite, volta pra casa, sexta-feira, todos resolveram cabular o dia no colégio. Um grupo combinou de se encontrar no cinema. Wilson resolvera voltar cedo pra casa, adiantar os trabalhos da escola pra ter o fim de semana inteiramente livre.
Na Estação República, 18h25 - se der sorte você vai sentado em um dos trens que param vazios. O alvoroço na volta é maior do que na ida ao trabalho, mais grupos de amigos, mais casais, mais piadas coletivas:
- Vamo entrando minha gente, tem espaço, ainda não tão em cima do meu pé.
- Sem peidar hein Marcão.
- Então não empurra minha barriga.

Portas abertas. Wilson conseguiu se sentar no banco e ficar de lado pra janela. Quando a multidão se ajeitou começou a ouvir uma história:
- Pois é, eu tenho um amigo que o tio dele era maquinista do metrô.
- Sério?
- Verdade, ele contou umas histórias sinistras.
- Tipo o quê?
- Ah, cara se jogando na linha, efeito fantasma no trilho em dia de chuva.
- Cara se jogando? Isso é verdade? Ninguém nunca viu pessoa se jogando no trilho.
- Esse tio do meu camarada viu. Ele disse que qdo viu o primeio foi foda, passou um tempo na terapia, aí voltou viu um 2o. se jogando, pediu demissão no mesmo dia.
- Caralho! Foda. Profissão de risco.
- É insalubre mané!
- Mesma coisa. Falando nisso, outro dia tinha um piloto de metrô acelerado, ou acelerado ou cuzão.
- Buzinando pra galera?
- Nem, tipo: metrô lotado, aí tocava a campainha sem fechar a porta, só pra a galera começar a correr.
- Hehehe! deve ser engraçado fazer isso.
- Aí, chegou na Sé, falo ae Jão.
- Falou! Até amanhã!

Na Sé a gritaria e empurra semelhante ao da República. Campainha, portas fechadas, trem partindo:
- Oi! - perguntou uma menina
- ...
- Oi!?
- Oi! Nossa, você? - respondeu Wilson.
- Cabulando aula também é? - respondeu a menina entregando sua mochila.
- Pois é.
- Eu não tô cabulando não, o professor avisou que ia faltar. Hehehe!
- Ah tá, mais fácil. Mais certo né? - emendeu Wilson.
- É. Ei, eu ainda não sei seu nome.
- Wilson.
- O meu é Julia.
Julia, pensou Wilson:
- Que nome bonito.
- Obrigada! Não conheço muitos Wilson.

Será que ela achou meu nome estranho? Wilson e Julia, melhor que Winston e Julia? - indagava Wilson. Julia era então o nome da prestativa garota sempre pronta pra carregar a bagagem de todos, Julia é a garota das mochilas. No banco em frente ao de Wilson, um rapaz cedera lugar pra uma senhora com criança no colo:
- Qual o nome dele? - perguntou Julia à mãe da criança.
- Denis.
- Me empresta a mochila, pediu Julia a Wilson.

Ela arrancou uma folha de fichário e devolveu a mochila a Wilson. Julia começou a dobrar a folha, até entregar um barco de papel ao garoto, sorrisos em todos a volta, com o olhar de surpresa e alegria de Denis. Putz, essa menina é pra casar! - contemplou Wilson.

- Estação Vila Matilde.
- Eu desço aqui. Até amanhã! - despediu-se Julia com um beijo no rosto de Wilson.
- Tchau. - respondeu Wilson.
- Obrigada!
Eu que agradeço, murmurou Wilson um sorriso pra todos que pudessem vê-lo. Não é preciso saber andar de metrô, saber origami é mais importante!

2 comentários:

Carleto Gaspar 1797 disse...

Com bazucas
dar luz aos
filhos

Anônimo disse...

eu tenho semtido que quanto mais eu aprendo mais caminhos si abrem.

sem saber qual o certo eu cigo em vários. e fica uma confusão cada vez maior.

fiquei até sem folego nessa

e nem acxhei o caminho certo