quarta-feira, abril 09, 2008

Sete Sonetos

IV - quarta-feira

cambaleei pelas ruas exalando álcool e desespero
buscando em cada esquina seus olhos doídos
enxerguei seu espectro sob a luz amarela do holofote
seu sorriso era o abismo ao qual me arremessei

pobre idiota! trespassei seu fantasma intangível
e num desastre risível acabei beijando o chão
pobre imbecil! torci o pé, quebrei a cara
divertindo os trabalhadores da manhã-escuridão

e meu sangue ralo verteu veloz e ridículo
pelos ralos sujos da velha cidade
esgotando o esgoto com meu egoísmo

e cada dia é um novo porre, cada segundo,
uma nova dor. basta de novidades!
quero a rotina de volta, por favor!

3 comentários:

Bianca Feijó disse...

rsrs...boa, basta de novidade, quero a rotina de novo!

Muito bom este texto, aliás,são muito bons os escritores deste sindicato!

B.E.I.J.O.S

.hi-fi. disse...

pausa mais que recompensada meu mestre!!! excelente!!!

Marcos disse...

Esse tem umas pitadas "bukowskianas", e um desesperantismo meio cruel: "trancado em mim mesmo eu penso na rotina",traz outra dimensão da rotina, o conforto que ela sugere...legal!