sábado, setembro 29, 2007

Sonetos Estranhos Sobre Poética

q

q

1.

q

que é o poeta?

é aquele que faz poesia, oras!

e poesia, o que é?

poesia, bem... poesia é poesia!

q

é o que eu quiser que seja

pouco me importa a forma,

a norma... isso tudo é prisão do mais puroq

qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqCONCRETO

1

que me importa se o soneto não parece

tanto um soneto. que me importa?! eu digo: é

SONETO!]

então é soneto


se tem começo e tem fim, se não tem, enfim...

que me importa? se é boa ou ruim, se eu digo - é poesia

qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqtudo posso na minha poética]
não quero mais saber do lirismo que não é

qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqlibertação]

q

2.

q

tornei-me pégasus para voar alto, bem alto

tentei. mas fui um pégasus pangaré

senti-me ridículo, incapaz

d

preso a idéias tão próximas, tão rasas

tão ralo de imagens

e há tanta coisa para ser cantada, tanta coisa...

s

e então comecei a caminhar e observar. caminhar e observar,

qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqcaminhar e observar]

- as vezes parava para fumar um cigarro -

na busca muitas coisas aprendi e nada me foi revelado

sim, sou jovem! mas temo que nada de realmente relevante um dia

qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqvá ser revelado]

q

então abri o livro e, triste, constatei

que isso já foi cantado por outro poeta

o que me faz lembrar de outro que versou sobra a impossibilidade

qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq de se ter idéias]

filosóficas sobre as quais algum grego não tenha pensado antes,

qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqou algo assim]

q

3.

q

poderia dizer que você pode começar a ler por aqui.

poderia dizer que você pode começar por onde você quiser,

(entretanto já seria uma mentira muito difícil de engolir)

mas os versos que seguem, é verdade, esses realmente não tem

qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqORDEM]

q

Eu faço assim, mas você pode fazer

assado.

Você pode fazer assado.

Você pode fazer!

qq

VOCÊ PODE!

vc pode fazer axim

só você pode

q

só eu posso, só você, só eu, só nós, só podemos, só, só mente

ISSO é POESIA (???)

Você quer poesia? Você quer? É SUA!

q

q

sexta-feira, setembro 28, 2007

Ficar sem resposta

Ansiedade, transmutar segundos em minutos, dias em semanas, meses em anos.
Esperar...esperar...esperar...

Ouvi estudos científicos sobre a diferença da percepção da passagem de tempo em jovens e menos jovens - diferenças gritantes. A ansiedade é biológica.
Espírito jovem, a busca fanática por intensidade em todas as experiências. O que acaba caracterizando paixões em ansiedades.
Se apaixonar não é destrutivo, ou nos deixa idiotas, o efeito principal é que nos torna jovens! Não apenas pelo aspecto da ansiedade, mas porque esquecemos tudo o que aprendemos, até então, sobre estar apaixonado.

O reino da ansiedade não nos toma só nos períodos juvenis. Esperar uma resposta é angustiante: ela disse sim ou não? vão gostar do que fiz ou não? o que tenho que fazer agora? estou no caminho certo?

Ansiedade, se comum, sigamos os caminhos para controlá-lo, ou melhor utilizá-lo. Se poesia, mergulhemos para vislumbrar nesse segundo que parece eternidade aquilo que o comum não percebe.

terça-feira, setembro 25, 2007

Moda em 44

Noite em que a lua apontou seu brilho,
Ascendeu saudade sua.
Rir sozinho,
Lembranças fazendo cócegas.

Sua ternura inundou meu olhar.
Me chamaram avoado,
Mas quem não quer a sensação de flutuar?

Em ti frágil,
Por ti invencível.
Das suas palavras intensidade,
De suas histórias quero uma parte,
E em você, mergulhar.

A saudade insiste
Junto a lua brilhar.

segunda-feira, setembro 24, 2007

Donos da história

'Quando contarem sobre esse dia, vão falar de mim.' - quase instintivo, muitas vezes é uma boa história mesmo. Fugas da realidade, fugas da normalidade, ser sempre uma surpresa. Nosso esforço em ficar estampado nas memórias do garçon, dos colegas, dos amigos, da amada. Estender nossa existência, vivendo profundamente um único momento.

Viver histórias, testemunhar outras, contar episódios de nossa comédia, causos de amor, aventuras entre lugares, encontros e desencontros, e peripécias da sorte e do azar. Até onde chegar com essa coleção de momentos eternos? E se os momentos apáticos se tornam maiores, não há o que contar?

Compartilhar uma experiência, imergir o outro nelas, mostrar peças das que sua alma é feita. Não há tragédia maior que a própria, nem amor mais nobre, o que faz de cada pessoa um episódio único no universo, que insistimos em narrar aos outros, que aprecíamos ouvir dos que admiramos.

domingo, setembro 23, 2007

Sopro

Ao vento, pelo movimento
Desequilibra-se a livre pena
Despertando-se pela precipitação.
Encosta-me, não me toca
Apenas olhos... Ao vento,
Pelo movimento
Oscila o ápice da videira
Desabrochando vastidão
Precipita-se a profundidade
Encosta-me, não toca.
Olhos, ao vento a toar
A flauta pela marcha real
O sopro desatinado da existência
A peça, a árvore:
Aquece, embriaga
Sondadas, dês-cobertas...
O sussurro é independente e natural
Aproxima-se... Não sei tocar.
Ao sopro escorrega a pena pela videira
Em desmoronamento, a flautear.
Meus olhos, resto é vaso de forma cilíndrica.
Ápice literal, sem sentidos.

quarta-feira, setembro 19, 2007

Postagem Sobre Ecologia - Blog Action Day Atrasado!

Aí pessoal: preparei uma postagem sobre o tema proposto para o BAD (Blog Action Day), mas meu computador foi tomado por alguma praga que me impede de postar e enviar e-mails. Sendo assim, tive de me deslocar a casa de um camarada para enfim agraciá-los com mais essa tentativa de literatura. Desculpem o atraso!

Gato Preto

"Não me surpreendo com o grito dos maus, mas sim com o silêncio dos bons".
Martin Luther King


Deslizou a faca com um pouco de força sobre a carne ensangüentada. Faca velha, as serras já não eram as mesmas, um pouco de força era necessária. Cortado o pequeno pedaço, espetou o garfo, besuntou no sangue salgado que se empoçava no prato e levou o pedaço a boca, satisfeita. Uma delícia! Aquela refeição tinha um gosto especial, ainda mais agora, era sublime. Era um boi, tudo bem, mas bem que podia ser um gato. Bastava que quisesse. O gato estava lá. Martin. Esse era o nome do gato, maldito gato, fedido, curioso, barulhento, vivia andando pelo telhado dos outros e aqueles vizinhos idiotas sempre chamando, gritando, Martin, Martin... Ah, que delicia de carne! Podia ser carne de gato! Não teria coragem, é verdade, mas gostava muito de imaginar, era ele, sim, Martin, estava comendo Martin, aquele gato insuportável que tantas vezes brigou com outros gatos em cima do telhado! Nunca gostou de gatos, também é verdade, lembrou-se de quando era pequena, pisou em um gato que estava dormindo na rua, o gato acordou assustado e a mordeu, ficou tão brava, mas tão brava, que pegou o gato pelo rabo, girou uma vez e bateu-lhe com a cabeça em um poste de luz. Nunca gostou de gatos. O que dizer daquele então, gato preto! Gato preto dá azar.

E Martin, bem... Martin era um gato educado, muito elegante. Sim, tudo bem, seria faltar a verdade dizer que não era curioso, pois qual gato não é curioso? Também não se pode omitir que era um pouco barulhento por vezes. Principalmente quando estava defendendo seu território de gatos invasores. Miava de um jeito estranho, frenético, alto, esquizofrênico, era um barulho de fato irritante que às vezes chegava a doer os ouvidos. Mas também é fato que isso acontecia raramente. Além disso, como já dito, era muito elegante, nunca fazia seus dejetos na casa dos outros (nem nos telhados). Gato amável, se dava com todas as crianças da vizinhança (exceto aquelas que não gostam de gatos), o que incluía o filho pequeno de Verônica, que adorava Martin. Isso irritava Verônica ainda mais. Pivete maldito! Já tinha dificuldades para gostar de seu filho como deveria gostar uma mãe, fazia o possível para agüentar aquele maldito pivete, atraso de vida (!), de carreira (!), ela, uma menina tão bonita, tão gostosa... Filho da puta! Em todos os sentidos (!), agüentava tudo isso, mas ficar chamando aquela porra daquele gato preto pro quintal, ah não! Aí já era demais.

Sentia-se feliz demais. Dera cabo do problema. Não teria mais que suportar a merda do gato e ainda estava deixando um aviso para os vizinhos imbecis, casalzinho jovem, metidos, com aquela fedelha a tiracolo, vivem escutando aquelas musiquinhas, gente metida a besta! Vivem falando alto, acham que ela nunca ouviu o que dizem dela? Idiotas! Idiotas! Não vão nem poder reclamar, todo mundo sabe que eles vivem com o aluguel atrasado. E além de tudo foi fácil, rápido e limpinho. Cerca de uma hora antes da refeição aqui narrada, Verônica se encontrava na cozinha, lavando a louça, emburrada. De repente, ouviu um barulho, o gato caiu pela sua janela, foi fuçar, curioso, perdeu o equilíbrio, caiu. Caiu! Só pode ser um presente! Pegou um saco de lixo preto, desses bem grandes, e rapidamente ensacou Martin, que demorou alguns segundos para começar sua reação. Nunca nenhum humano fora tão hostil a ele! Não conhecia muitos, era verdade, mas os poucos que vira eram afetuosos ou, no mínimo, respeitosos. Quando começou a se debater, o saco já estava fechado. Verônica então se voltou para a pia aonde encontraria a frigideira que daria cabo da vida do jovem Martin. Já com a arma em punho, golpeou a cabeça do gato repetidas vezes, até que ele parasse de miar e se debater. Gato preto, safado, vai morrer! Batia com um desespero alegre, com um sorriso sádico e amalucado, enquanto batia seu coração batia mais, e mais, e mais e era quase um orgasmo. A lembrança daquele momento era quase um orgasmo. Mastigava a carne e sorvia o sangue, sentindo cada partícula da morte daquele animal sem face que comprara em uma bandeja dias atrás, projetando naquela carne amorfa todo o sabor da morte (da carne) de Martin. Nunca um bife foi tão gostoso! Não era um bife comum, de um ser sem identidade, comprado no setor das carnes, depois de comprar os pães, a margarina e o sabão em pó, não, aquilo sim era carne de verdade! A fantasia a deliciava, comia e se regozijava por completo, até o arroz era embebido no sangue da vitória, da paz, do silêncio. Um dia atrás, o gato estava no telhado, miando alto e estridente! Agora o gato estava a poucas horas de sair de sua casa, em um saco preto, e virar carne moída na parte de trás do caminhão de lixo.

Pegou o telefone, entorpecida, discou o número da outra vizinha.

- Cissa?
- Fala Verônica.
- Faz um favor pra mim?
- Pode falar, querida.
- Você que tem mais intimidade com essa gente, avisa o pessoal da casa 05 que tem gente que não gosta de gato no telhado, e se eles não resolverem isso eu vou falar com a imobiliária.

Bateu o telefone entusiasmada. Comeu o último pedaço do bife o mais demoradamente possível, sentindo todas as nuances do sabor do alimento, todas as texturas, a deliciosa gordura entrelaçada nas fibras do bife, o sangue salgado e gorduroso que a fazia lamber os beiços. Pensou em fritar outro bife, quem sabe até abrir uma cerveja (!), tamanha era a felicidade pelo falecimento do felino. Pegou o prato, que era fundo, levou a boca e sorveu com gosto o resto do sangue empoçado. Estava feliz. Foi quando seu filho, que por sua parte enrolava e ainda ostentava no prato a mistura insossa de arroz com bife, quase igual a que lhe foi entregue no começo do almoço, chamou a atenção de Verônica para a janela do casal vizinho.

- Olha mamãe, gatinho!

Virou-se rapidamente. Uma gata branca, pequena, filhote, linda, ornava a janela da casa dos malditos vizinhos. Outra gata, caramba, outra!

- Gatinho, mamãe, gatinho!
- Cala essa boca moleque, come logo isso aí. Gatinho, gatinho... Era só o que me faltava! Outro! Puta merda... Outra porra de gato! Que merda! Pelo menos esse aí não é preto.

segunda-feira, setembro 17, 2007

Avó morre após trote sobre seqüestro da neta

O telefone toca e a senhora, já meio lenta, procura os óculos para ver quem chama.
A tela do aparelho exibe: número desconhecido. Ela atende.
Uma voz feminina pede por socorro e outra, masculina, por créditos para celular. "Estamos com sua neta; se não fizer o que mandamos..."
O golpe é típico, conhecido de muita gente. Mas não da Dona Maria Conceição. Ela até tenta se manter atualizada - gosta de conversar com os jovens e saber das "últimas do fronte". Mas nessa idade, não há pique para saber de tudo.
Ela não tem tempo para questionar o bandido. Sua mente logo vê a neta querida sendo maltrada. O coração não agüenta. E a incompreensível dificuldade extrema das autoridades de bloquear celulares em cadeias faz mais uma vítima.

domingo, setembro 16, 2007

Sobre o meio ambiente (como prometido)

Desculpem. Peço que me desculpem. Fiquei ébrio. Mas joguei as bitucas dos cigarros na lata do lixo. E amassei as latas de cerveja. Minha consciência ambiental ficou mais leve por causa disso, embora meu subconsciente saiba que isso não é nada comparado ao que é necessário. Gostaria de fazer mais. Todos gostariam. Todos gostariam de tantas coisas...

sábado, setembro 15, 2007

[16 - vol.2] Pq não falar de amor? - parte 2 [Fábio]

Como impressionar Sueli? Com certeza a mais gata da sala.
Aprender a tocar violão até o final do ano, e no dia de despedida trazê-lo e atacar. OK, aprender em 4 meses: começar com 'More than words' e 'Patience' do Guns, e seguir com Legião.

- Oi Su.
- Oi Fábio.
- Que tipo de música você curte?
- Uns rock. Já ouviu uma que chama Love fool dos Cardigans?
- Já.
- É minha favorita!

Meninas gostam de falar de amor, e no fim amam tudo e nada. Pra quê falar de amor? Amor de verdade só de mãe, que dura pra sempre. Tudo bem, pela Su vale a pena, mas também tem a Amanda, a Paula...

segunda-feira, setembro 03, 2007

Anunciação

Caminhar, tropeçar, e as esporas; esporá-
dicas anunciações:
está para nascer o belo dentre os
imperfeitos lábios de metal.
Digamos que seja um deus, digamos
que seja feio apesar de ser deus:
eu sou impura demais para ficar e assistir
à descida pelos degraus de nuvem;
o peito estufado, olhar penetrante no olhar
de uma criança que, de repente, chora.
E se ele não descer? Se, acaso, ele estiver subindo
com o calor de mil sóis e a força de mamutes africanos,
agilidade tal qual três antílopes saltando? Virá,
então, sabe lá deus quando, para acertar as contas
incalculáveis quando não restar mais nenhum
de nós atados – libertação?

Bernardo Cordeiro Mayer de Azevedo, bienvenido

Os escritores baratos saúdam Bernito e lhe desejam uma boa estadia no planeta.
Que sua vida seja cheia de poesia, como a dos pais, a quem você há de trazer ainda mais alegrias.
E que aprenda cedo a extrair o melhor da vida - seja nos bons momentos ou nos dias ruins.
Votos de felicidade palpável, garoto!
Parabéns à família.
"Eis que os filhos são herança do SENHOR, e o fruto do ventre o seu galardão. Salmos 127:3"

sábado, setembro 01, 2007

Nasceu

O Gozo

era hora, sim, eu sabia
era hora da poesia
mais linda
nascer.

lá estava ela, despida
pequena, esguia,
envergonha,
- comi muito chocolate na semana passada.
- bobagem, vem cá, ta frio...
sorriu. chegou. beijou. deitou.
deitei.

deitei, tantas vezes, deitei, tantas vezes, deitei, tantas vezes, deitei, tantas vezes, deitei, jamais me cansei.

Jamais me cansei
do toque macio,
da boca calada,
o gemido que escapa,
o som engraçado,
o sorriso vexado
mais lindo.

o carinho
mais intimo,
o lábio molhado
sobre o lábio...

o gosto de sentir
o gosto do outro...

e o gosto de se sentir saboreado!

e depois,
entrelaçado,
o antegozo
que é gozo
entrelaçado,
impetuoso,
calculado,
calma, gozo!
é quase hora,
é quase hora,
é quase hora,
já é hora...
- agora!
- foi?
- fui! Foi?
- eu também...
que gozo
maravilhoso...
que sono!
sonhei.

do gozo
gostoso,
libidinoso,
licoroso,
melodioso,
sinuoso,
milagroso,
nasceu.

nasceu a poesia mais linda
que daqui a pouco
- quando?
daqui a pouco.
- quando?
não sei, daqui a pouco!
vai nascer.