segunda-feira, janeiro 14, 2008

Fez um laço de fita de cetim na bola de sabão, que nem ligou, continuou subindo.

Então elas vinham perambulando pelo ar, uma por uma, e ele fitava todas elas. Enquanto isso eu fazia bolas de chiclete e olhava pro céu. Vi muitas bolas de sabão fitadas, todas de cetim.

Certa vez, pude acompanhar uma grande folia. É que, dentro de uma delas, três saltimbancos faziam estripulias. Um bolo de confetes tomava o lugar de algum lustre, estava lá no teto. Conforme a bola subia, pois elas costumavam subir com eternidade, os confetes escorregavam em notas musicais até alcançarem as bocas dos saltimbancos. Eles dançavam em roda e comiam os chocolates.

Eles davam as mãos e babavam açúcar enquanto a fita de cetim quase escapava da bola de sabão. O laço não bambeava, era todo o pedaço de fita que escorregava atrapalhando a vida daquela bola que ameaçava explodir silenciosa. Não conseguiria ver a festa desmanchar.

Ao lado daquele saltimbanco que soprava o líquido de sabão, havia uma escada tão, tão alta que eu não podia ver seu fim. Talvez, com ela, eu pudesse alcançar a bola de sabão e salvar aquela folia. Continuava mascando chiclete e pensei que pudesse salvar a festa dentro de mim. Eu sabia que assim que alcançasse aquela bola, ela estouraria. Mas eu ofereceria abrigo pros saltimbancos dentro da minha bola de chiclete.

Subi, subi, subi. Ainda estou subindo. Tomo cuidado para não atrapalhar o passeio daquelas tantas bolas de sabão fitadas, de cetim.

Percebo que a distância entre nós é a mesma desde quando eu estava lá em terra. Eu subo, mas ela também. Os saltimbancos agora dão cambalhotas e morrem de rir sem se darem conta do perigo. Talvez eles saibam de tudo, eu até penso que eles sabem! Tanto sabem que não param. Melhor morrer de festa.

Já gastei demais o meu chiclete, ele não faz mais bolas. O saltimbanco continua lançando bolas fitadas, de cetim. Elas sobem com eternidade. Subo, não sei quanto. Subo, estou entre milhares de bolas de sabão fitadas. Subo, estou fitando o céu. Subo, tem festa ainda.

Eles sabem de tudo. Vai explodir .

Não há mais degraus. Quero subir. Vou subir. Subo, .


Desmanchemos todos. No ar, feito purpurinas.

(morrendo de festa. silêncio. em música, entre bolas de sabão fitadas - de cetim, as notas de confete pelo céu)

Fez um laço de fita de cetim na bola de sabão, que nem ligou, continuou subindo...

6 comentários:

J.R. Lima disse...

A assim segue a vida, bolhas de sabão se sucedem.
No texto, a metáfora fica meio surreal, muito legal!

Lunna Guedes disse...

A vida é sempre uma grande e imensa bolha de sabão.

Anônimo disse...

Show essa sua bola...risos

Muito boa a sua idéia, se puder fazer uma crítica, digo que se vc limpasse o seu texto, pois ele está muito carregado de imagens e focasse um pouco mais, sem dar muitas voldas, eu diria que ele ficaria muito bom.

Vou add no meu blog, posso?

Anônimo disse...

Show essa sua bola... risos

Bom o seu texto, mas se eu puder fazer uma crítica, diria que se vc limpasse um pouco o seu texto, tirasse os excessos, porque ele está muito carregado de imagens e focasse no que vc realmente tá contando, sem dar muitas voltas, ele ficaria um ótimo texto.

É isso...

Posso add no meu blog?

Priscila Lopes disse...

A tua narrativa me enrola e desenrola
- enrola e desenrola -
a certa altura incerta
a ponto de cair
na frágil metáfora
da bola de sabão
que reflete
uma beleza limpa

E eu continuo caindo.

Natalia Piserni disse...

melhor morrer de festa!!
impressionante como você passa uma vontade de viver na sua crônica ju, ví tantas cores, tantos risos, tantas bolhas, consigo imaginar qual seria a música de fundo! adorei!