sexta-feira, agosto 25, 2006

Se não fosse Simão

Simão ordenou a matança. Se não fosse a tola esperança, a comunidade sucumbiria ao caos sugador e deitaria eternamente em cinzas. Ninguém se levantaria no dia seguinte por qualquer outro motivo, senão o orgulho. Se não abrissem os braços para receber avidamente o sol, não reconstituiriam sua cor pátria. Nada mais nada menos reconstruiu a comunidade senão a força interna de cada um. Se não fossem as rosas suas armas, as pilastras pouco sólidas seriam.

Simão viu tudo de longe e estremeceu. Poucas vezes teve a ousadia de chegar perto pois assistiu a aurora fênix brandir vigor. E se não tivesse renascido dos escombros haveria perecido a bela tulipa cultivada outrora por Simão. Correm lágrimas de orvalho nas novas pétalas. Gritam-lhe silenciosamente, senão pairam apáticas. Seus fortes tons corados coram em coro: “Deseja nos respirar, seu tolo!”. É forte vida arquejando nada senão o amor e o ódio. Se não fosse o desejo de vingança, o primeiro atingido não teria se levantado. E a vingança teria sido maquinada se não fosse a auto suficiência reconquistada. Nem pés nem cotovelos reergueram os queixos, mas sim mãos – destruidoras e inspiradoras. E cá está a maquete com o mesmo esqueleto e outro espírito. Não habitam nada senão reles humanos, bem como um dia Simão, antes de tudo. Se não fosse Simão...

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