Por vezes é necessária muita sensibilidade para salvar o dia. Por outras, pérolas brotam, e o dia pode começar com um: 'bom dia!'.
A letargia metrônica se dá ao fechar das portas do trem, o sono se mistura ao ar denso e quente do vagão superlotado, a respiração baixa e os olhos se fecham naturalmente, nesse dia fui interrompido por uma rotina modificada:
- Próxima estação Vila Matilde. Ao desembarcar cuidado com o vão entre o trem e a plataforma, evite acidentes graves.
O que despertou não foi o alerta, mas a voz dos alto-falantes, com a suavidade que raras comissárias de bordo, e/ou profissionais da voz têm, uma pronúncia clara e terna - a maquinista do céu, a viagem se deu incrivelmente agradável nessa manhã. Parecia que até o empurra-empurra havia dimiuido.
Me acusaram de iludido, mas meu 'bom dia' foi muito melhorado por esse fato. E então houve uma reação em cadeia de bons 'bom dia', um 'bom dia' animado pode animar, ou reanimar, uma pessoa, que pode responder com um sorriso e dar outro 'bom dia' melhor que o anterior - e assim até esbarrar novamente na loucura cotidiana pessoal. Com isso o começo da manhã foi garantido, o que nem sempre sustenta o resto do dia. Essa necessidade de âncoras de humanidade no centro de pedra, metal e eletricidade, pra suavizar o que nos foi roubado, ou reprogramado, pra uma pausa nos ponteiros do relógio. Quem precisa de um coração? Trens de aço? Homens de lata?
- Por mais maquinistas humanas!!!
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3 comentários:
Um bom dia salva uma ruim tarde...rsrs...
Até o bom dia dos Homens de lata são sonoros até o final do dia...
Os textos daqui são uma máfia de escritores caros...rsrs...e no minimo, muito bons!
BOM DIAAA!!!
B.E.I.J.O.S
uma voz que te olhou na íris?
Mais que a voz, acho que estava bonito o seu ouvir: Preciso de um coração, homens de lata, preciso de um coração...
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