Repouso às teclas enquanto boceja à direita
um pássaro que não é meu - me espreita
à janela: não posso tocar nela, não posso
tocar nela, nela, nela... - Ouço essa música
que eu não sei de quem,
de onde vem,
e entardeço as esperas.
Eu leio o teu nome na tela.
Eu teço o teu corpo na teia.
É um poema! É um poema!
A sede é gorda, e eu te recebo
em linhas, em letras, em literaturas
norte-americanas, latinas, anônimas.
Eu te desvendo o mundo:
- Agora que enxerga tudo, conti-
nua escrevendo em mim?
Um documento sem título confessa.
Uma folha sem timbre ecoa.
(ainda escreverei um livro teu)
E o meu silêncio é ébrio
como teus dois cálices
- adivinho.
quarta-feira, janeiro 16, 2008
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8 comentários:
Vc é a poetisa mais metalinguística que eu conheço. Em todas as dimensões físicas!
Bravo e não-bom!
Tu és a poetisa de todas as dimensões físicas. Não há nada mais metalinguístico que sua poesia.
Bravo e não-bom!
Ainda mandam escrever seu nome no fundo do Universo hein, Priscila...
APLAUSOS de pé!
Como sempre...
Não, na verdade cada vez mais!
Bjo!
Oi Priscila,
encontrei seu espaço no canto da poesia. E que poema vejo logo na entrada. Parabéns.
Jacinta
foi ela quem fez a caixa de música
em forma de pássaro
sobra aqui um dó menor
resta um mi
anoitece na janela,
ela tricota as duas notas
em forma de cálice
a sede é áspera
não sabe costurar palavras
em vinho
dissolve as letras da tela
anoitece na janela,
seu silêncio bambaleia
a espera é vil
mande o pássaro retornar,
ela anseia pelas outras notas
deixe tudo aberto
ela tricotará um varal até o sul
pindurará seu único (quase adivinha) cálice
ele escorregará até sua janela
tece palavras na tela?
enxergo ébria
o livro é tudo isso.
Co-lírios.
"(...)Ouço essa música
que eu não sei de quem,
de onde vem,
e entardeço as esperas.(...)"
Lindíssimo poema Priscila, do incio ao fim,mas esta parte em especial foi bastante significante...
Beijos!
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