Eu tenho um corpo marcado por linhas e veias.
Miro as linhas de minhas mãos, sei que estive no ventre de minha mãe. Portanto eu realmente nasci.
Eu aperto as minhas veias e minha pele fica quase branca, sei que por mim escorre um sangue. Portanto eu realmente estou existindo.
Não sei o que fazer de meu corpo. Disseram-me que tenho uma alma e que é por isso que continuo vivendo.
Queria ser só alma, mas sou a cicatriz até meu último instante. Eu sou Cecília.
Sou doente de vida e de morte. Quebro espelhos, bastam meus olhos.
Qualificaram-me, acham que sei existir vivendo. Não sei lidar com meu corpo almado.
Designaram-me Cecília.
Acabei de acordar, será que estou morrendo? Não sei onde pousar minha mais fina pele, meus lábios seguram minha alma. É tanta finura.
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3 comentários:
lindo.
gostei do "corpo almado"!
Agora sim. Dignidade, menina. Até no desabafo.
:)
Eu só posso agradecer. Valeu mesmo.
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