Pobre do porco
Quando nasceu, perdeu a mãe,
que precisava gerar outros
porcos.
Cresceu tão sozinho,
no meio de tantos,
o pobre do porco,
logo foi castrado,
ficou desdentado,
supra-alimentado,
logo ficou gordo,
anabolizado,
logo foi ceifado,
limpo e embalado,
pronto para ser
comercializado,
logo foi comprado...
Pobre do porco...
Não fosse tão gordo.....
Não fosse tão gostoso...
Tão gorduroso!
Talvez escapasse
de um destino, assim tão,
tão glorioso:
Ser o (in)feliz
protagonista de
uma charmosa
comemoração.
O prato principal!
Grande e grelhado
astro da maior
das festividades.
O grande alvo
dos holofotes.
Mas o acaso é algoz cruel.
(E as idéias se repetem)
O porco, o pobre do porco,
pouco antes de ficar pronto,
escorregou, caiu na brasa.
- Quem foi o filho da puta
que deixou essa merda
cair na churrasqueira?
festa, insatisfeita,
protesta, mas logo o luto
cessa. É festa! Tanta
cerveja ainda resta,
todos voltam depressa,
para a celebração.
E o porco,
pobre do porco,
acabou cremado!
Viveu por nada,
morreu em vão.
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2 comentários:
Pobres dos porcos. Que só descobrem para que servem porcos, quando estão prestes a serem servidos como o prato principal.
Marcos e companhia,
FELIZ ANO NOVO!
Tudo de bom e muita inspiração a todos.
Abraço
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